Desde a sua primeira publicação, em 1975, este livro despertou milhões de pessoas inquietas para o abuso chocante de animais – inspirando um movimento mundial que visa abolir a experimentação laboratorial com animais, cruel e desnecessária, e denunciar a realidade arrepiante das actuais unidades de criação intensiva.
Nesta nova edição, revista e ampliada, da obra que entretanto se tornou a bílbia do vegetarianismo, o filósofo da ética Peter Singer apresenta soluções sensatas e compassivas para aquilo que se tornou uma questão profundamente ambiental e social, tal como moral. Libertação Animal é um apelo importante e convincente à consciência, à justeza, à decência e à justiça, constituindo leitura essencial tanto para o defensor dos animais como para o céptico.
CRÍTICAS DE IMPRENSA
“A documentação de Singer não é retórica nem emotiva, os seus argumentos são cerrados e de peso: ele não baseia a sua causa em princípios pessoais ou religiosos, nem em princípios altamente filosóficos, mas somente em posições morais que a maioria de nós já aceita.”
The New York Times Book Review
“(…) Com a publicação de Libertação Animal, de Peter Singer, os portugueses podem participar no debate internacional de ideias e de repensar algumas convicções mais generalizadas. O livro é de 1975 e foi responsável pela vitalidade dos mais importantes movimentos dos direitos dos animais. (…) Libertação Animal é de leitura obrigatória. Pela clareza, seriedade e honestidade. Pelo rigor lógico. Pela inteligência dos seus argumentos.”
Desidério Murcho, (livros), Julho/Agosto 2000
“Libertação Animal é já um clássico moderno por ter introduzido a questão do tratamento dos animais no centro da reflexão ética. Mesmo que o leitor não concorde com as perspectivas de Singer, certamente compreenderá porque razão essa não é uma questão que só interessa a pessoas loucas por cães ou por gatos. (…)”
Pedro Galvão, Leituras, Público, 30/9/00
EXCERTOS
“Quando Mary Wollstonecraft, uma percursora das feministas actuais, publicou a sua Vindication of the Rights of Women, em 1972, as suas opiniões eram de um modo geral consideradas absurdas, e surgiu logo a seguir uma publicação intitulada A Vindication of the Rights of Brutes. O autor desta obra satírica (que se sabe agora ter sido Thomas Taylor, um distinto filósofo de Cambridge) tentou refutar os argumentos avançados por Mary Wollstonecraft demonstrando que eles poderiam ser levados um pouco mais longe. Se o argumento de igualdade se podia aplicar seriamente às mulheres, porque não aplicá-los aos cães, gatos e cavalos?
(…)
Os animais são capazes de sentir dor. Como já vimos, não pode existir qualquer justificação moral para considerar a dor (ou o prazer) que os animais sentem como menos importante do que a mesma dor (ou prazer) sentida pelos humanos.
(…)
Como podem suceder estas coisas? Como podem pessoas, que não são sádicas, passar os seus dias de trabalho a arrastar macacos para uma depressão vitalícia, a aquecer cães até à morte, a transformar gatos em dependentes de drogas? Como podem eles depois tirar as batas brancas, lavar as mãos e ir para casa, jantar com as famílias? Como podem os contribuintes permitir que o seu dinheiro seja usado para financiar estas experiências?
(…)
Ser vegetariano não é uma atitude meramente simbólica. Assim como não é uma tentativa de isolamento face às feias realidades do mundo, de se manter puro e, portanto, sem responsabilidades relativamente à crueldade e à carnificina perpetradas em torno de si. Ser vegetariano é uma medida altamente prática e eficaz que se pode adoptar para pôr fim tanto à morte como à inflicção de sofrimento a animais não humanos.
(…)
O vegetarianismo traz consigo uma nova relação com a comida, com as plantas, com a natureza. A carne torna amargas as nossas refeições. Por mais que o disfarcemos, o facto de o elemento principal do nosso jantar provir de um matadouro, pingando sangue, permanece inalterado. Se não for tratada e refrigerada, a carne depressa começará a apodrecer e a cheirar mal. Quando a comemos, cai pesadamente nos nossos estômagos, bloqueando os nossos processos digestivos até, dias depois, lutarmos para a evacuar.
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Efectivamente, é enorme a coincidência que existe entre líderes de movimentos contra a opressão dos negros e das mulheres e os líderes dos movimentos contra a crueldade para com os animais; esta coincidência é tão grande que fornece uma forma inesperada de confirmação do paralelismo que existe entre racismo, sexismo e especismo.
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As nossas concepções quanto à natureza dos animais não humanos, e o raciocínio incorrecto acerca das implicações que advêm da nossa concepção da natureza, contribuem igualmente para o apoio da nossa atitude especista. Sempre gostámos de nos considerar menos selvagens do que os outros animais. Dizer que as pessoas são humanas significa que elas são gentis; dizer que são bestiais, brutais ou, simplesmente, que se comportam como animais é sugerir que são crueis e malévolas. Raramente nos detemos a considerar que o animal que mata com menos razão para o fazer é o animal humano.
(…)
A ascensão do movimento de Libertação Animal deve ser único entre as modernas causas sociais na medida em que tem estado ligada ao desenvolvimento da questão enquanto tópico de discussão nos círculos filosóficos académicos. Ao considerar o estatuto dos animais não humanos, a própria filosofia sofreu uma transformação notável: abandonou o conformismo confortável do dogma aceite e regressou ao seu antigo papel socrático.”